Morto assina acordo que gera milhões em ação.

tumulosSÃO LUÍS – Falecido há sete meses, o contabilista Carlos Estevão Muniz Medeiros assinou como sócio da M&D Consultoria Contábil o acordo judicial em que o governo cassado de Jackson Lago (PDT) paga R$ 35,7 milhões em uma ação de desapropriação indireta. A empresa M&D Consultoria Contábil consta do processo como um dos “cessionários e credores” da parte do espólio de Benedito dos Reis Pinheiro, que se comprometeu a pagar os “valores acordados em instrumento particular sobre as cessões de créditos públicas ou particulares existentes”. Segundo a certidão de óbito obtida por O Estado, o contabilista Carlos Estevão Muniz Medeiros faleceu no Hospital Nove de Julho, em São Paulo, em 11 de setembro de 2008, e sepultado no cemitério Jardim da Paz, em São Luís. O óbito é atestado pelo médico Paulo Sérgio Prudencio. Mas, em 10 de fevereiro deste ano, Carlos Estevão Medeiros “assina” o acordo que é também subscrito pelo procurador-geral José Cláudio Pavão Santana e pelo secretário de Planejamento, Aziz Santos. A assinatura do contabilista está registrada na página 10 do documento, assim como a dos demais “cessionários e credores”. Na mesma página 10 do milionário acordo, existe um carimbo do Cartório do 1º Ofício de Notas, reconhecendo como verdadeira a assinatura do contabilista do dia 10 de fevereiro, embora a grafia seja completamente distinta. O ex-deputado federal Davi Alves Silva, assassinado por um de seus correligionários em 1998, que aparece como cessionário ou credor – assim como Carlos Estevão – teve como representante do seu espólio o advogado Fabiano de Cristo Cabral Rodrigues. O advogado Fabiano Rodrigues – primo da procuradora-geral de Justiça, Fátima Travassos – também representou no acordo o deputado federal Davi Alves Silva Júnior (PDT) e a farmacêutica Erieldes Sousa Silva. Assinam ainda o documento o empresário Antônio Nilo Sobrinho (residente em Recife-PE); Rosicler Dias da Costa, do lar (residente em Brasília –DF, representada pelo advogado Luís Henrique Lago de Carvalho); espólio de José Lócio dos Santos (representado pela inventariante Isabela Murad); Coeima Ltda (representada pelo sócio gerente Leônida Gabriel Ferreira Azevedo); e sediada na cidade de Imperatriz, a empresa Alto Miudezas Comercial Ltda (que o texto não aponta quem a representa no acordo) surge na página 10 sem a devida assinatura do seu representante.  

Histórico

O acordo judicial de R$ 35,7 milhões, que será quitado em 12 parcelas mensais de17 de fevereiro de 2009 a 17 de janeiro de 2010, é resultado de uma “ação de desapropriação indireta” processo 14451996 (antigo 4386/1985) que desde o governo Luiz Rocha tramitava na 1ª Vara da Fazenda Pública de São Luís. Cobra-se do Estado do Maranhão uma indenização pelo uso público de três imóveis situados nos subúrbios de São Luís, com áreas de 31.000 m², 104.000 m² e 955,7 m²; totalizando 1.090.930,83 m2, do imóvel hoje denominado João de Deus.

Clique aqui e veja a certidão de óbito em pdf.

Itevaldo Júnior/O Estado

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