
Na manhã desta quinta-feira, 06 de novembro de 2025, a Polícia Civil do Maranhão deflagrou a Operação “Final Round”, expressão que significa “último disparo”, em uma ofensiva direta contra o comércio clandestino de armas e munições na cidade de Grajaú-MA a 418km de São Luis. A ação marcou mais uma grande ofensiva no combate ao crime organizado na região.
Coordenada pela 15ª Delegacia Regional de Barra do Corda, a operação cumpriu mandados de busca e apreensão em oito endereços, resultando na condução de cinco pessoas para prestar esclarecimentos.
Durante as diligências, os policiais apreenderam uma grande quantidade de materiais ilícitos, expondo a estrutura e o alcance do esquema criminoso:
Munições (total: 15.680 unidades
Cal. .12 → 30
Cal. .28 → 7.000
Cal. .20 → 6.000
Cal. .16 → 200
Cal. .32 → 400
Cal. .36 → 550
Cal. .22 → 1.500
Estojos: 250 unidades
Chumbo: 43 kg
Armas brancas: 130 (facas, punhais e canivetes)
Quantias em dinheiro (espécie)
Um veículo Toyota SW4
Veneno ilegal para ratos
Dois cofres com indícios de armamento, cartões de benefícios sociais de indígenas e outros objetos suspeitos
A operação mobilizou 35 policiais, envolvendo múltiplas unidades e forças de segurança:
- Polícia Civil: equipes de Barra do Corda, Grajaú e Chapadinha
- Polícia Militar (GOE e ALI): de Barra do Corda
- Centro Tático Aéreo (CTA): bases de Presidente Dutra e Imperatriz
- Guarda Municipal: de Grajaú
Essa integração entre instituições foi apontada como essencial para o sucesso das ações e a preservação da segurança pública.
De acordo com a Polícia Civil do Maranhão, as investigações revelaram um esquema sofisticado de comércio ilegal de armas e munições, que usava estabelecimentos e residências como fachada. Além do tráfico de munições, o grupo também estaria envolvido na apropriação de cartões de benefícios sociais de pessoas em situação de vulnerabilidade.
O inquérito, iniciado em fevereiro de 2024 pela Delegacia de Grajaú, evoluiu para um caso de organização criminosa interestadual, com ramificações em cinco estados: Maranhão, Goiás, Tocantins, São Paulo e Santa Catarina.
Segundo relatórios do COAF/UIF, o grupo movimentou aproximadamente R$ 668 milhões entre 2020 e 2024, utilizando empresas e pessoas físicas para esconderr a origem ilícita dos valores.
Somente em Grajaú, o montante movimentado ultrapassou R$ 65 milhões. Entre os principais alvos, estão cinco empresas, duas delas com sede no município que registraram movimentações milionárias sem respaldo econômico compatível.
As investigações também apontaram o envolvimento de F.C.P., suspeita de movimentar cerca de R$ 40 milhões e manter ligação direta com lideranças de facção criminosa, incluindo P.H.P.S. e J.K.P.S..
F.C.P. foi presa em Portugal em 2025, em uma ação conjunta entre a Polícia Civil e a INTERPOL, reforçando o alcance internacional do esquema.
A Operação “Final Round” contou com o apoio do Ministério Público, do Poder Judiciário e de órgãos de inteligência financeira nacionais e internacionais, demonstrando a importância da atuação conjunta no enfrentamento ao crime organizado.
As Polícias Civis dos cinco estados envolvidos reafirmaram o compromisso de continuar as investigações, observando o sigilo judicial e buscando a responsabilização dos envolvidos.