UM GOVERNO DE RECUOS: Em nove dias, Bolsonaro volta atrás seis vezes

Negar, recuar, desistir, voltar atrás, mudar de ideia. Estes parecem ser alguns dos verbos que devem acompanhar o governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL) durante seu mandato, a contar pelo início da gestão. Em nove dias, Bolsonaro e sua equipe já retrocederam em seis propostas apresentadas, algumas delas até com constrangimento público.

A mais recente volta atrás foi relacionada à mudança nos critérios de avaliação dos livros didáticos. Tinham sido retirados de um edital para novos livros, publicado nesta quarta-feira (9) a exigência de que as obras tivessem referências bibliográficas e itens que impediam publicidade e erros revisão e impressão, mas a pressão fez com que a desistência viesse logo. No fim da tarde, o Ministério da Educação publicou nota suspendendo o edital.

Outro meia-volta-volver dado pelo capitão do exército foi em relação a reforma agrária. Um dia depois de ter sido veiculado que o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) determinou às suas superintendências a interrupção dos processos de desapropriação ou aquisição de terras por prazo indeterminado, o governo suspendeu a orientação. Nesta quarta, em novo memorando, o presidente do Incra mudou a posição da gestão Bolsonaro.

Recuos econômicos

O novo presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, foi outro que revisou o discurso um dia depois de ter dito que elevaria as taxas de juros no crédito imobiliário para a classe média, na segunda-feira (7). Em nova entrevistaPedro disse que as linhas endereçadas a essa parcela da sociedade seguirão níveis praticados no restante do mercado.

O maior constrangimento aconteceu nos primeiros dias de governo. Bolsonaro, em entrevista, disse que havia assinado um decreto que aumentava o IOF, para compensar o aumento de gastos com a renovação de incentivos fiscais para as regiões Norte e Nordeste. Horas depois, foi desmentido pelo secretário da Receita, Marcos Cintra, que negou que o governo elevaria o IOF. O chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, confirmou que o presidente havia “se enganado” ao falar em aumento do IOF.

Política externa

Nas relações exteriores, Bolsonaro também já registrou suas mudanças de ideia. Além de tirar de pauta a mudança da embaixada do Brasil em Israel, de Tel-Aviv para Jerusalém, muito em conta por pressão do mundo árabeo presidente também desistiu de abrigar uma base militar dos Estados Unidos no país.

Ele também mudou de posição em relação a revisão do acordo entre a Embraer e a Boing, anunciado nos primeiros dias de governo. Ministros desmentiram a possibilidade de interromper o acordo, de onde pode nascer uma nova empresa de aviação comercial com valor de mais de US$ 5 bilhões.

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Por William De Lucca